" Sou Esporro. "

ANTE O TEMPO FRIO ME MOSTRO APREENSIVO,
É O ÁPICE DAS DIVERSAS COLINAS GELADAS QUE ME TENTAM DO SOL DISTANCIAR, MAS FALHAM, ENQUANTO EU NO MUNDO AMAR.
EU SOU O CAMPO, A GRAMA, O FLÓREO RESÍDUO MATINAL QUE FORÇA
ENZIMAS CANTAREM DE TODO CURSO HUMANO-ANIMAL.
SOU A REGRA SEM REGRA, VIVA, SEVERA.
SOU A CHUVA QUE CAI E SE LEVANTA PARA NOVAMENTE CAIR...
SOU A DANÇA.
SOU A POESIA, CONSTANTE.
SOU O MAR, DISTANTE E FUNDO;
ENQUANTO EU AMAR NO MUNDO.
E EU NÃO FALO SÓ DE MIM, FALO DE TUDO:
SOU O FORMIGUEIRO DA TERRA E A TERRA ESPALHO, TERRA POESIA,
POEMA TERRA ESPANTALHO;
NA TERRA ESPANTANDO TUDO QUE É RUIM, TUDO COM QUE A POESIA
ESMIGALHO.
O MEU SER SOFRE, NÃO É AÇO. É MISTURADO:
SOFRER E CANSAÇO.
MAS O QUE FAÇO?
NÃO PRECISA FAZER, É VIVER.
ENTÃO SOU A PEDRA, O RIO, O CALCÁRIO;
SOFRO MAIS, EU SOU VIGÁRIO.
EU SOU O QUE NUNCA FUI, O QUE SENDO AGORA, NUNCA ACHO.
EU SOU A FLORESTA, O TEATRO, O RUMO NOVO, PRA LUGAR NENHUM
COMO O FUNDO FALSO DA FESTA, QUE UM DIA CAÍ, JÁ É NOITE.
SOU O QUE PRESTA, E O QUE NÃO PRESTA, SEREI, MAS AÍ É OUTRA
ESTÓRIA;
QUANDO EU MORRER TU ME TESTA, MORDE A CARNE, SEM AÇOITE.
EU SOU A ÁGUA E ESCORRO.
SOU FUGITIVO E CORRO.
SOU O LOUCO MAIS CERTO PORQUE NUNCA MORRO, E QUANDO FALA A MORTE,
NÃO É VOZ, É TEMPESTADE QUE VAI ÀO SUL E EU ÀO NORTE.
SOU BÚSSOLA, VIVO POR ESPORTE.
SOU ESPORRO.