" Gosto do Mar "

AS COISAS SÃO COMO SÃO E EU NÃO TENHO NADA
QUE VER; E SE TIVESSE, O QUE TERIA?
SE O DIA FOSSE NOITE, O NOVO DIA SERIA AMANHÃ,
MAS É COMO NÃO, AGORA TEM SOL.
EU NÃO PERGUNTO NADA ÀS ESTRELAS, EU NÃO
PERGUNTO NADA À NINGUÉM, EMBORA AS PESSOAS
SEJAM JÁ PRÓPRIAS PERGUNTAS.
MINHA MORTE NÃO INTERESSA PRA NINGUÉM, E A VIDA
MUITO MENOS PRA ALGUÉM, E...
E GASTO-ME ASSIM MESMO ME EXPLICANDO.
ABAIXO CÁLCULOS.
O MAIOR PERIGO ANDA COMIGO, MAS NÃO SOU PERIGOSO,
NEM VEZES SER CONSIGO; A POESIA VISTO, DE MIM JUNTO
ELA ANDA, DIGO:
AS RAIAS DE NEVE QUENTES ESTÃO,
OS LIMITES ÀO SUL, ÀO NORTE, LIMITES SÃO NÃO, ESPORTES.
NÃO GOSTO DE ESPORTES, GOSTO MUITO DE ESPORTES,
NÃO SEI DO QUE GOSTO MAS GOSTO DE DEUS, TANTO,
MAS TANTO QUE ME PEREÇO COM ELE, MAS SÓ OS OLHOS,
O RESTO, É RESTO E NÃO SAI NEM DO LUGAR.
ME DEIXE PENSAR.
ME DEIXE PENSAR VOCÊ QUE PENSA POUCO OU NEM PENSA,
PENSAR É VIVER AÉREO.
OU PENSAR NÃO É VIVER, É MORRER NUM ESTADO DE PAZ
COM LUTA SEM OFÍCIO, SIMPLESMENTE LUTAR E MORRER,
SEM SABER PORQUE LUTA, PORQUE MORRE.
O VIGILANTE ME VIU PULANDO O MURO, NÃO VIU O QUE EU
FIZ, NEM EU, DESCUBRO.
NO SALTO CORTEI A MÃO, NÃO SALTO MAIS, MAS ME CORTO
DE NOVO, SÓ PELO GOSTO.
AS COISAS SÃO COMO SÃO E JOSÉ NEM AURÉLIO ME DEVEM
NADA, MAS EU COBRO, NÃO SEI O QUE, E ME DOBRO.
SOU DOIS QUANDO NUNCA NEM MEIO FUI, ACHO GRAÇA.
QUANDO TENHO QUE CHORAR RIO DE MIM MESMO,
E QUANDO QUE RIR, VOU PRO MAR.
GOSTO DO MAR.
TAMBÉM GOSTO DE POESIA, FEIJÃO, MAS FEIJÃO SEM ARROZ,
SÓ COM PÃO.